Esta receita anda para ser publicada há já algum tempo, confesso. E está escrita há meses, mas tem-lhe faltado introdução... E à introdução tem faltado (a minha) vontade de escrever.
Um ano de confinamento, de recolher obrigatório, de distanciamento físico, de não poder abraçar, beijar ou acarinhar quem não viva na nossa "bolha" e em que a proximidade social e o trabalho ganharam ênfase no digital. Um ano de incerteza empresarial, profissional, económica... E em jeito de balanço, em mais de quatro décadas de vida, este foi, sem sombra de dúvida, o ano mais estranho de que tenho memória.
É certo que a vida é mesmo isto, inesperada, surpreendente, num ciclo eterno de transformação e renovação (externas e internas), mas acho que ninguém estava preparado para isto. Para a violência emocional disto, para a mudança de paradigma que a pandemia trouxe a todas as áreas das nossas vidas.
Como partilhei neste post do ano passado, para manter o equilíbrio continuo a focar-me na prática de exercício físico diário, fiz um detox digital durante uns meses até me "centrar" de novo e tenho vindo a regressar ao blog e às redes sociais devagarinho, ao meu ritmo. E hoje foi o dia de voltar, finalmente, à partilha de receitas.
A que trago hoje é um dos meus pratos favoritos para dias ou noites frias. Faz parte do meu repertório (repetido) de comidas de conforto, é super simples de preparar, nutritiva, gulosa e serve 4 pessoas (ou, no meu caso, deixa refeições prontas a comer nos dias seguintes).
Esta Feijoada de Choco faz-me sempre lembrar almoços ou jantares com amigos por cidades ou vilas piscatórias portuguesas, Vila Nova de Milfontes, Sesimbra, Setúbal, Ericeira, Nazaré... Traz-me recordações de fins-de-semana prolongados, divertidos e em excelente companhia, com boa comida (e bem regados no copo), com liberdade de ir e ficar, pelo tempo que se quisesse, sem máscaras faciais, rituais de desinfecção, declarações de circulação ou horários de recolher obrigatório.
Por isso, desde o início da pandemia e do confinamento, passei a prepará-la com bastante mais regularidade cá em casa. E sabe-me sempre a momentos bons, ao regresso a sítios bonitos e "nossos" mas que me parecem tão distantes desde há um ano.
Aceite a sugestão e viaje comigo no prato até terras piscatórias portuguesas, sirva bem quente, salpicado com salsa fresca acabada de picar e acompanhe no copo com um vinho tinto encorpado. E depois partilhe comigo o que achou dos sabores desta "viagem"... Acho que vai gostar.


